sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A vida de Paulo (III)

O ano 33. O ano 33 corresponde ao encontro de Paulo com Jesus e à sua experiência pascal.
Paulo perseguiu provavelmente a Jesus porque havia nele (e nos cristãos) algo que o atraía: que era, como ser judeu e ao mesmo tempo universal. Perseguia os cristãos porque havia neles algo que lhe faltava: ser universal sendo judeu, abrir-se a todos os homens desde a sua tradição judaica.
O problema não tinha uma solução racional, não podia buscar-se respostas no plano da pura discussão filosófica, política e religiosa. Para chegar à resposta a revelação tem de vir do alto. Foi assim que Paulo descobriu o evangelho da boa nova da fraternidade unida: «Quero que saibais, irmãos, que o meu evangelho não é de origem humana. Pois não o recebi dos humanos, mas por revelação de Jesus Cristo. Vós conheceis a minha conduta antiga no judaísmo… Mas quando Deus me chamou desde o ventre de minha mãe… ele quis-me revelar o seu Filho para que O anuncie aos gentios.» (Cfr Gal 1:11-15).
Paulo perseguia os cristãos helenistas de Damasco, porque eles tinham aberto o judaísmo aos pagãos. O que ele perseguia no fundo era a sua missão, a sua abertura messiânica, que rompia com os confins da Lei do judaísmo fariseu que ele estava ansioso por defender. Nesse sentido, o problema da missão, isto é, da abertura de Israel aos pagãos e da amplitude universal da mensagem bíblica encontra-se presente na vida de Paulo antes da sua conversão e da sua posterior missão cristã.
Na sua conversão existem dois aspectos básicos: 1) A visão de Cristo crucificado (um Cristo recusado pelo Israel oficial, um Cristo maldito pela Lei); 2) A superação dum Israel da carne, isto é, da Lei. Paulo não é apóstolo por ‘mandato eclesial’, mas directamente pelo chamamento de Cristo (Cfr Gal 1:1). Este elemento da imediatez faz parte de toda a vocação e ministério: só pode ser ministro da Igreja quem «viu Jesus» e recebeu dele um mandato.
Na sua origem cristã Paulo sabe-se e sente-se directamente avaliado e enviado por Cristo, a quem ele conheceu ‘directamente’ (exactamente aquele Cristo a quem ele perseguia) no contexto da sua experiência de Damasco. «Mas as coisas que para mim eram lucro, por causa de Cristo eu as considerei como perda. E mais ainda: considero todas as coisas como perda, em comparação com o incomparável que é conhecer Cristo, meu Senhor. Por sua causa eu tudo perdi e tudo considerei como lixo, a fim de alcançar a Cristo e ser apanhado por Ele. Sem pretender a minha justiça, derivada da Lei, mas a que vem da fé em Cristo, a justiça que provém de Deus pela fé» (Fil 3:7-9)

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