sexta-feira, 10 de outubro de 2008

São Paulo, um Mestre para os Mestres do Carmo

Professor: Frei João Costa
Secretária: Isabel Gonçalves (Braga)

A Conferência do XV Horeb, sobre o tema “S. Paulo, um mestre para os mestres do Carmo” teve como orador Frei João Costa.

São Paulo, em hebraico Saulo, nascido em Tarso da Cilícia, refere-se a si dizendo que se tornou “cristão como um aborto”. Esta expressão deve-se ao facto de inicialmente Saulo ter sido um perseguidor de cristãos, pois julgava que deveria opor-se ao nome de Jesus Cristo. Prendeu numerosos santos e consentiu no martírio de todos, incluindo Estêvão, antigo companheiro de escola.

Numa das perseguições, indo a caminho de Damasco, viu um resplendor de luz no céu que o cercou, e caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “— Saulo, Saulo, porque me persegues?” (Act. 9, 1-22). Foi neste momento que Saulo abandonou a perseguição e, ingressando na Igreja pelo Baptismo, passou a ser um seguidor de Jesus Cristo. A partir daqui conhecemo-lo com o nome latino de Paulo.

O Apóstolo S. Paulo, o abortivo, é considerado por muitos cristãos como o mais importante discípulo de Jesus. Foi concerteza um Apóstolo diferente, sobretudo quando decidiu — e foi aceite pelo Colégio Apostólico —, que espalhasse a mensagem da Boa Nova de Jesus Cristo entre os gentios. Anunciar aos não judeus, aos pagãos ou gentios era a sua missão. É ele o Apóstolo missionário, sempre a caminho, incansável testemunha da ressurreição de Jesus.

(Terá, por exemplo, segundo se crê, anunciado o Evangelho na Península Ibérica!)

Paulo escreveu várias epístolas, catorze das quais chegaram até nós. Escreveu preferentemente às comunidades que fundara, e assim fincava o seu testemunho de Apóstolo, reforçava os seus ensinamentos ou corrigia desvios. Foi o caso das Cartas aos Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessalonicenses. A Carta aos Hebreus provavelmente não é sua, mas atribuída por um discípulo à sua autoridade. A Carta as Romanos foi escrita antes do Apóstolo ali chegar e visava preparar a sua chegada, dar-se a conhecer e mostrar a boa nova que pregava. Escreveu também a discípulos bispos: Timóteo e Tito; e ao amigo Teófilo para que recebesse um escravo que lhe fugira e entretanto se fizera cristão.

No decorrer do ensinamento do Frei João rezámos um hino retirado da Carta aos Efésios (1, 3-6. 11-12), donde, depois salientámos algumas expressões mais marcantes: o facto de sermos “filhos adoptivos e herdeiros de Jesus Cristo”. Ainda não existia mundo e já nós existíamos, Deus via no amor cada um de nós. É Jesus que nos faz filhos de Deus, existindo uma herança que vai passando de mestre para mestre, herdamos de Paulo o que ele herdou de Jesus.

Na Carta que escreveu à Igreja, intitulada “No inicio do novo milénio”, o Papa João Paulo II convida-nos a lembrarmos o Passado com agradecimento, a viver o Presente com paixão (a termos fé apaixonadamente) e caminharmos para o Futuro com confiança, porque “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre”.

Ser mestre é ser santo. A partir de agora vamos chamar aos nossos santos, santos e mestres. É esse o significado. E o que é ser santo? Diz alguém que, segundo a Bíblia, ser santo é sair de si próprio ao encontro do outro. Mais uma vez, JPII:“Saí e caminhai sempre com os olhos no passado, com os pés no presente e caminhando para o futuro, caminhai para uma perspectiva de santidade. Vós sois chamados a ser santos. Não tenhais medo!”

A santidade é saída de si. Não podemos ficar fechados em nós, temos de sair ao encontro do nosso mundo. Havemos de sair, num sair por amor, um sair da prisão dos nossos interesses para sair ao encontro do outro. Um exemplo claro e muito reconhecido desta santidade foi Madre Teresa de Calcutá. Aquilo em que acreditava, ela o confirmava com obras.

Uma questão que nos colocámos é se os nossos santos, apenas falaram ou também actuaram. Existem, é certo, várias formas de amar e, entre elas, a que mais se salienta é ir ao encontro dos pobres com o coração cheio. Porém, de acordo com o Papa Paulo VI: “Não há cristão que não deva algo ao Carmo”! Sim, é verdade. Também os Carmelitas saem de si para servir os outros. Só somos Carmelitas se formos santos, se sairmos de nós ao encontro dos necessitados. O Carmo existe para a Igreja. O coração dum Carmelita está cheio do “fazer o bem aos outros”. Se da Igreja saírem aqueles que rezam, que fazem da vida uma oração, a Igreja não é verdadeiramente Igreja! Pensando bem: a Igreja pode ser comparada a um arco-íris; ora, se ao arco-íris lhe tiramos uma cor, o arco-íris não é verdadeiramente um arco-íris. Portanto, existem várias maneiras de fazermos o arco-íris da Igreja: e a cor do Carmo é muito bela! E não pode faltar! Ao fazermos o bem à Igreja e ao Mundo pela oração — pela oração de louvor, pela de intercepção, de acção de graças, … —, pedindo não só por nós mas também pelos outros, nós fazemos o bem, erguemos o arco-íris, construímos um mundo mais belo.

A vida de cada Carmelita “é um altar” donde se elevam orações e preces para Deus em favor da Igreja e do nosso Mundo. Nós somos prece: Prece pela escola, pelos professores, pelos trabalhadores, pecadores, pelos missionários, pelas criancinhas, pelos velhinhos, pelo Papa, pelos sacerdotes, pelos catequistas, pelos chefes das nações, pelos…
Ai de mim se não evangelizar”, era o grito de São Paulo que ainda hoje se ouve. Depois deste grito fomos escolher o nosso grito — o nosso just do it, segundo o Frei João —, a exemplo de S. Rafael Kalinowsky que escolheu para lema do seu apostolado a exortação de S. Paulo “Caridade, alegria e paz” (Gál 5:22), ou segundo a Bem-aventurada Isabel da Trindade que elegeu ser «Quero viver para ser louvor da glória de Deus». E escolhemos como se poderá verificar noutro lugar.

in Blog Carmo Jovem

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