terça-feira, 31 de março de 2009

Rumo à Canonização (II)


D. NUNO ÁLVARES PEREIRA E O CASTELO DE NEIVA (II)

Após a aclamação de D. João I nas cortes de Coimbra, resolveu D. Nuno Álvares Pereira ir em romaria ao túmulo de Santiago de Compostela, aproveitando a peregrinação para se assenhorar de algumas terras, onde a autoridade de D. João I não estivesse ainda reconhecida.
Caminhando pelo litoral em direcção a Viana da Foz do Lima, chegou às fraldas do monte do Castelo ao pôr-do-sol no dia 12 de Abril de 1385.
Depois de cumprir os planos previamente estabelecidos, D. Nuno Álvares Pereira com os seus homens, submeteu o castelo de Neiva cujo alcaide Álvaro Gomes Bacelar havia dado voz por Castela, tal como outros do Minho, tendo sido morto durante a refrega. Álvaro Gomes Bacelar era casado com D. Isabel Lopes Lira, filha do Meirinho mor de entre Douro e Minho e alcaide de Braga e Ponte de Lima. Lopo Gomes de Lira que por sua, vez era irmão do alcaide de Viana.
Segundo Fernão Lopes, era o castelo de Neiva muito forte e bem defendente.
A resistência esperada por D. Nuno Álvares Pereira, ficou reduzida a pouco, pois pouco depois do começo da luta, o alcaide caía mortalmente ferido e a guarnição logo se rendeu.
D. Isabel Lopes de Lira, viúva do governador, pediu ao Santo Contestável que lhe guardasse honra, fazendo-lhe mercê de a mandar entregar a Ponte de Lima onde seu pai, o destemido Meirinho mor da província era alcaide mor.
Acedendo gentilmente ao pedido da castelã viúva, Nuno Álvares Pereira, lembrando-lhe o respeito da sua dignidade e fidalguia, mandou levar a ilustre Dona com respeitosa comitiva até ser entregue ao poder paterno na manhã do dia seguinte. Se a tomada do castelo de Neiva, a primeira desta incursão do santo Condestável pelo Minho, foi rápida e relativamente fácil, já a praça de Viana foi mais difícil e de algumas perdas para as hostes de D. Nuno Álvares Pereira. Sabedores do sucesso, os alcaides dos outros castelos, nomeadamente o de Monção, Vila Nova de Cerveira e Caminha, enviaram-lhe emissários a prestar submissão. Prosseguindo a sua peregrinação a Santiago de Compostela, D. Nuno Álvares Pereira deixou como responsável no castelo de Neiva, Pêro Afonso do Casal com certos homens de armas seguindo a sua viagem com o forte da sua gente.
O simples frade Carmelita, Nuno de Santa Maria, antes o herói e celebrado guerreiro D. Nuno Álvares Pereira, foi beatificado pelo papa Bento XV em 23 de Janeiro de 1918, mas o processo de canonização caíra praticamente no esquecimento. No decurso do oitavo centenário da fundação de Portugal em 1940 foi pedido a sua santidade ao Papa Pio XII, pelo Supremo Magistrado da República e pelo Rev.mo Senhor Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, Patriarca de Lisboa, juntamente com os Arcebispos e Bispos de todo o País e pela ínclita Ordem Carmelita, que reassumisse a causa de tão grande herói e se lhe abrisse o caminho para que as supremas honras dos altares lhe fossem conferidas pela Sé Apostólica.
A Sagrada Congregação dos Ritos, deu parecer favorável e no ano seguinte em 28 de Maio de 1941, o Santo Padre autorizou o processo. Para manter a devoção e obter as graças necessárias à sua canonização, foi decidido peregrinar as suas relíquias por todas as sedes dos concelhos, praticamente em todas as cidades e vilas de Portugal.
(Continua)
António Lousa Barbosa

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