sábado, 12 de junho de 2010

Três pecadores, muitos pecadores, um Salvador!

A Palavra de Deus deste Domingo XI do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre o pecado, essa frieza de vida e de alma que se revela em distanciamente e ruptura com o projecto de Deus.
O grande rei David, o rei por excelência de Israel, foi, afinal um grande pecador. Paulo, o apóstolo evangelizador das gentes, fora no passado um assanhado perseguidor de tudo o que cheirava a Cristo. Simão, o fariseu, é tão cumpridor que a sua vida é fria e distante de Deus como o pecado. E a prostituta, pecadora pública que tantos frequentaram, é, afinal, a mulher do amor verdadeiro, sincero e vertido a Jesus. Hoje falamos de três e de muitos pecadores, e um salvador: o Amor, Jesus!

REI DAVID
O Rei David foi o segundo, não o primeiro rei de Israel. É o mais conhecido de todos os reis israelitas, é o ideal e modelo da sua realeza, amigo de Deus, salmista e profeta. E pecador!
Cometeu adultério com Betsabé — de quem nascerá o rei Salomão —, a esposa do General Urias, a quem David mandará matar ardilosamente. Foi um pecador repugnante não tanto por se ter apaixonado, mas sobretudo pelos meios usados. O profeta Natan não lhe poupou nas palavras e acusou-o duramente.
David reconheceu, arrependeu-se sinceramente e propôs-se ser por toda a vida um cantor das maravilhas de Deus, o defensor da Lei e do Templo.
Hoje, no Salmo 31, respondemos a Deus, como David: «Perdoai, Senhor a minha culpa e o meu pecado!»
Natan respondeu: «O teu pecado já foi perdoado.»

PAULO
Paulo perseguiu cristãos, encarcerou cristãos e muito provavelmente também os matou. E colaborou no assassinato de Estevão, diácono, primeiro mártir, e seu colega de estudos superiores judaicos, entretanto convertido à causa do Evangelho de Jesus.
A morte de Estevão foi duma requintada crueldade: por apedrajamento! Paulo sem qualquer dor de consciência guardou as capas dos que carregaram e atiraram pedras a Estevão. Nem por uma vez vacilou e até julgou ser essa a decisão e missão certa.
Ao partir em perseguição para Damasco Paulo teve de atravessar a porta da muralha, onde fora perpetrado o assassinato de Estevão. Não teve remorsos, antes espicaçou ainda mais a montada. Às portas de Damasco veio a cair do cavalo e ficou cego, porque, afinal de contas, faltava-lhe aprender a ver a novidade da luz de Cristo, Aquele a Quem perseguia na pessoa dos Seus seguidores.

A PROSTITUTA
Por fim, a Palavra de Deus deste Domingo fala-nos duma mulher, uma prostituta de todos conhecida, que, corajosa, entra na casa de Simão, o fariseu, rastejando até Jesus que se encontra a refeiçoar, banha-lhe os pés com lágrimas, enxuga-lhos com os cabelos e perfuma-os delicadamente.
Não sabemos o nome daquela mulher legalmente impura, nem sabemos a relação que com ela tinha o respeitado Simão. Mas sabemos do amor dela para com Jesus, o profeta, e como O ungiu com o seu perfume. A sua delicadeza e diaconia como que antecipou o lava-pés de Quinta-feira Santa, e talvez por isso tão mal cheirou ao nariz do delicado fariseu.
Ele lá saberá porquê!
Ambos os pecadores saem absolvidos.
A Palavra de Deus é sempre um espelho oportuno; delicadamente ela ilumina a nossa vida e apela para a conversão. Perante ela David exclamou: «Eu pequei»; Paulo estremecido pela força que dela vem mudou de perseguidor em evangelizador; e o fariseu reconheceu a dureza do seu coração. Ele que começara por ostentar o estatuto de cumpridor mostrou nada saber sobre o amor verdadeiro: convidara Jesus para uma refeição, mas rejeita-lhe a hospitalidade recebendo-o friamente, como um tacanho sem delicadeza.
No fim de contas, a verdadeira relação com Deus não é que Deus esteja de acordo com as normas e preceitos a que me determinei cumprir. A religião não é um acumulação de pontos no cartão, como se Deus nada nos tivesse que corrigir e perdoar, pois, nós, cada um de nós, novos fariseus, cumprimos na perfeição a tarefa que nos corresponde.
Sim, a prostituta é que revelou ter o verdadeiro amor. Ela ensina-nos o rumo ao revelar-se atenta e cheia de cuidados para com Jesus. Simão, o perfeito modelo, mostrou-se um espião frio e distante. Mas com ela aprendemos a amar Jesus.
Sem medo aproximemo-nos d’Ele, sintamo-nos bem com Ele, façamos d’Ele o centro da nossa vida: E é que não existe outro centro! Não existe outra forma de amar! Se nos aproximamos Jesus revela-se amor e perdão, cura e salvação que não se compram com grandes obras; aliás, cuidado se te limitas a cumprir!
A salvação vem do convívio com Jesus até alcançarmos dizer a confissão de Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo vive em mim!»
Chama do carmo I NS 74 I Junho 13, 2010

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