segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Seminários, sementeira. Podemos falar de sementeira?

Inscrita na ideia de Seminário encontra-se a de sementeira. Seminário quer dizer sementeira. E promessa de colheita. O Seminário é o campo bom de terra boa onde a semente da vocação vai desabrochando, vai crescendo. A vocação não se esgota no crescer, mas no campo tantas vezes agreste e infecundo do mundo aonde é devolvida. Para aí se projectam as sementes que entretanto brotaram potenciando dons, qualidades e capacidades.

Seminário, sementeira. Onde estão as sementeiras? É expressão de Jesus no evangelho que as aves não semeiam, mas comem. E nós bem sabemos que além de outras elas comem das sementes que o lavrador semeia. Quem hoje come as vocações antes que cheguem aos Seminários?
A crueza é esta: os Seminários não existem. Ou pelo menos não existem como existiram: enormes, florescentes, fervilhantes de rapazes com vocação própria ou alheia. Em Portugal já não existem esses Seminários.
Embora a Igreja portuguesa ainda não prescinda do modelo actual — Não estamos nós a concluir a quase desapercebida semana de oração pelos Seminários? —, a verdade é que só aqui e ali resistem pequenos restos ou leiras, pequenas comunidades formativas com pequenos grupos em formação sacerdotal.
São geralmente casas gigantescas para grupos pequeninos. As necessidades e as casas são grandes, os formandos não. Antes laudava-se a profusão de sementes, digo, de vocações, que facilmente borbotavam aqui e ali, sem muito esforço. Falava-se então da alegria da sementeira e era certo, e até se podia escolher as sementes, separar trigo, aveia e jóio, apartar as razoáveis das excelentes. Hoje fala-se de sementeira, quase não de Seminários. Porque as que existem são muito raras, que não raro devem ser subtidas a cuidadosos tratamentos de fortalecimento.
São sementes, sim, de espigas chochas, como os dentes na boca de um velho! Mas, meu Deus, a verdade é que são sementes! São as que depois de duro e rude trabalho nos alimentarão!
Sobre Portugal estamos falados. É verdade que as fomes que se anunciam e a resilência das sementes que vão sendo suscitadas não nos deixam desistir. Aqui e ali, nalgumas Dioceses e Ordens Religiosas vão mantendo-se pequeninas leirinhas, promessas de pequeninas primaveras.
No Porto abriu há pouco o Seminário Missionário Redemptoris Mater de Santa Teresinha, com tão só 13 seminaristas. Não há-de ser azar!
Há outras sementeiras. Curiosas, já agora.
Em Vigevano, Itália, região da Lombardia, abriu um Seminário a meio tempo, de quarta a sexta--feira. Os rapazes dali são como os outros, e são seminaristas também, diz o seu reitor. Vão à escola pública, têm amigos e amigas, não vivem numa instituição fechada. Naqueles dias que passam no seminário rezam, estudam e jogam à bola embora não cheguem para duas equipas. E comem num refeitório grande. Enfim, parecem meninos com roupas de gigante. Nos dias em que não estão no Seminário ficam calmamente na família, para que com calma pensem no futuro.
No próximo Natal a diocese de Como, na região de Milão, vai iniciar o «Seminário dentro de casa». Um punhado de paróquias vai eleger uma casa (paroquial), e aí, na sua região e perto das famílias, viverão em comunidade durante três meses, procurando sempre evitar a ideia de mini--fábrica de sacerdotes.
Um pouco a sul de Habana, Cuba, abriu no dia 3 de Novembro o segundo Seminário da Ilha, o primeiro em mais de cinquenta anos! O presidente cubano Raúl Castro esteve presente! O edifício substitui um outro que fora retirado à Igreja, serviu como quartel militar e agora foi preparado para Seminário renovado. O seu reitor entrevê sinais de futuro e de esperança para a Igreja de Cuba. O Seminário poderá acolher até cem seminaristas!
Mas prova de que nem tudo é igual em toda a parte, leia agora e (talvez) sorria: Os Capuchinhos da Suiça publicaram nos classificados de um jornal suiço de referência pedindo banqueiros, comerciantes, advogados, jornalistas e professores que queiram mudar de vida. Deixam claro que devem ter disponibilidade integral, o dia inteiro, todos os dias da semana, inclusivé sábados, domingos e feriados. Em vez de salários altos a certeza da «liberdade de riquezas materiais», e tempo para actividades voltadas para a oração e a meditação. Esta curiosa caça de quadros refere também alguns critérios de aceitação: devem ser homens solteiros, de 22a 35 anos, com capacidade para viver em comunidade.
É uma nota final com humor. De facto, num mundo em mudança, até o Exército aboliu o serviço militar obrigatório e busca, desesperado, novas formas de sedução dos jovens!
Ainda podemos e devemos falar de sementeira, mas o certo é que estamos no Inverno. Pelo menos demográfico. Porém, se a família gelar o demais vai quebrar. Sabemo-lo?
Chama do Carmo I NS 84 I 14 de Novembro de 2010

2 comentários:

Anónimo disse...

Passei por aqui...deixo-vos a Paz e o Amor de Cristo.

Convido-vos, bem como a todos os jovens, a conhecerem Chiara Luce e o seu Sim Incondicional a Deus...

Anónimo disse...

Como podes verificar passo aqui frequentemente...hoje, para te recordar que morri contigo, no pensamento...

Sê Feliz! O teu Amigo de Todas as Horas...


Cristo