sábado, 12 de novembro de 2011

Por que precisamos de rezar pelos Seminários?

A semana finda foi a dos Seminários. Tem sete dias como as outras e uma característica especial: a de rezarmos pelos Seminários. Aqui é que a pancada bate não no cravo, porque os Seminários quase já não existem, os que existem não são visíveis, e o comum dos nossos cristãos jamais viu ou sentiu um. Quem sabe o que é um Seminário? Por que faz sentido ainda rezarmos pelos Seminários?
Os Seminários são instituições recentes. Nasceram com o Concílio de Trento (1545-1563). Porém, a sua configuração mais conhecida só foi alcançada no séc. XIX. Foram criados com o objectivo de formar os futuros sacerdotes ou pastores das comunidades cristãs. Antes desta configuração o clero diocesano não tinha formação sacerdotal e a sua ordenação estava vinculada a jogos e interesses só ao alcance das classes poderosas. As Ordens Religiosas por imposição das respectivas Regras obrigam desde sempre ao indispensável Noviciado e formação posterior.
As reflexões e decisões produzidas pelo Concílio de Trento foram no sentido de arrepanhar caminho visando formar o clero intelectualmente frágil, ignorante das Escrituras Sagradas e frequentemente indigente na moral. A este Concílio se deve a fixação da idade mínima para os jovens candidatos e a regulação do celibato como indispensável ao candidato ao sacerdócio.
Vendo bem os Seminários têm cento e cinquenta anos. (Até ao Vaticano II, 1962-1965.) E parece que o modelo se esgotou. Não por falta de mérito, porque é bem verdade que ali se aprende o indispensável latim, a interpretar as Escrituras, a administrar os Sacramentos, a aplicar o direito canónico, a executar o canto gregoriano e a sensibilidade pastoral.
Não, os Seminários não passaram de moda. Eles permanecem aí, quase fantasmáticos, nos horizontes de grandes cidades ou semeados em modestas aldeias. Sem se lhes esvaecer o mérito permanecem geralmente frios e vazios. Actualmente são mais causa de preocupações de gestão, que solução. São casarões que se ergueram para responder a quase extintas solicitações e urgências das igrejas diocesanas; hoje restam bem perto de nós, vazios como barcos sem rumo amarrados a um cais esquecido.
Eles são hoje um problema acrescido porque não há quem os queira frequentar para se formar em ordem ao sacerdócio, a fim de servir a Igreja de Jesus Cristo. E os que surgem cabem numa casucha (que ao cair no dia do Juízo Final não será de fazer grande ruído; a expressão é da Santa Teresa de Jesus!)
Os Seminários-edifício são um problema; os Seminários-lugar de formação continuam a ser a urgência e o coração das dioceses. É por que eles são o coração que tanto por eles se reza durante uma semana, porque se o coração morre morre também o corpo para onde bombeiam tanta vida e ardor.
Termina hoje a Semana de Oração pelos Seminários.
Que rezámos pelo coração da Igreja? Como o cuidámos? É ele o lugar privilegiado dos nossos afectos e dos nossos cuidados? Sentimos sentida necessidade dele e dos frutos que dele brotam?
Parece que não.
Parece que não, porque rezar pelos Seminários significa antes de tudo rezar para que rebrotem vocações que anseiem frequentá-los e justificá-los. Se uma família, uma catequese, um movimento laical ou uma comunidade cristã rezar pelos Seminários não pode senão rezar para que as vocações brotem ali no terreiro que lhes é próprio. Sim, devemos rezar pelos Seminários para que de nós brotem vocações que formando-se venham depois a servir a Igreja. E estamos dispostos a isso? Quantos pais estão disponíves para que das suas famílias nasçam vocações sacerdotais? E a oferecê-las a Deus? Não muitos é certo. Eis a rezão porque, creio, não rezamos assim tanto pelos Seminários.
Custar-nos-ia muito que, pela força da nossa prece e oração os nossos fossem lá parar!
Mas rezamos ainda para que as vocações nasçam na Igreja em geral  e não apenas perto de nós –, a fim de que jamais em lugar algum falhem à Igreja o calor da Palavra e o frescor do Pão fresco. Sim, muito precisamos de rezar pelos Seminários. Ainda dependemos deles para o alimento sustentado do Povo de Deus.


Senhor, ao rezarmos pelos Seminários nós Vos pedimos:
concedei-nos sacerdotes que sejam pastores
cujo assobio ouvido por Vós
seja reconhecido pelo vosso rebanho.
Sim, o rebanho e os pastores são vossos!
Como pode o vosso coração não sofrer
com o cansaço das ovelhas sem pastor?
Como podereis não suscitar pastores
que as levem aos prados verdejantes?
Fazei, Senhor, que os Seminários
sejam lugares onde se aprenda a esperança.
Amen.
Chama do Carmo I NS 123 I Novembro 13 2011

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