sábado, 28 de janeiro de 2012

comunidades carmelitas ao modo de Teresa e João, hoje


Realiza-se de 29 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2012 a Semana do Consagrado. Trata-se de uma iniciativa a concretizar nas Dioceses e Paróquias, Comunidades cristãs e religiosas, em todos os espaços eclesiais. Nós, Igreja, e especialmente, nós, Consagrados, não podemos esquecer este especialíssimo dom de Deus à sua Igreja.
Tem a Vida Consagrada muitas e variadas manifestações que são futo dum longo caminho de tensão e discernimento. Cada tempo tem necessidade de manter viva a imagem de Cristo, a vida que Ele nos manifesta, e o testemunho da alegria de vivermos como irmãos, amando-nos como Ele nos amou. Muitas são, pois, as formas de Vida Consagrada na Igreja. A dos Carmelitas filhos de Santa Teresa e de São João da Cruz é uma mais.
S. Teresa e S. João da Cruz são fundadores e pais, ambos fecundos pelo Espírito para oferecer à Igreja um caminho e um lar, isto é um impulso missionário e um proposta de vida comunitária. É para mim impensável olhar um sem olhar o outro, ler um ser ler o outro, tanto foi o que juntos rezaram e sonharam, se ajudaram e animaram. Há poucos dias chegou-nos do Governo Geral da Ordem um texto sobre como devem ser as comunidades carmelitas. Vale a pena pensá-lo aqui, nestes dias que são dos Consagrados. Diz Teresa, a mãe, no livro Caminho de Perfeição (13:7): «Esta casa é um céu, se pode haver um na terra. Para quem só se contenta em agradar a Deus, não dando importância ao próprio prazer, leva-se uma vida muito boa. Quem quiser mais alguma coisa tudo vai perder, porque não a pode ter. Uma alma descontente é igual a uma pessoa com grande fastio, a quem repugna qualquer alimento, por melhor que seja; aquilo que as pessoas sãs comem com grande gosto, provoca-lhe náuseas.» Segue um pequeno excerto do documento do Definitório Geral Extraordinário de Ariccia, de 5 a 12 de Setembro de 2011. E uma apostila sobre o olhar fraterno de São João da Cruz.

«Devemos constituir comunidades teresianas, que sejam lugares de autêntico crescimento humano e espiritual e de irradiação da verdade e beleza nelas experimentadas. Se isso não acontece e as comunidades são somente lugares de trânsito no percurso pessoal de cada um, que tem alhures o próprio centro de gravidade, não é possível considerar isso um mal inevitável, nem é possível aceitá-lo como uma carência que é compensada por outras riquezas no plano pastoral, social, intelectual. É a razão de subsistir ou desaparecer do Carmelo, ou seja disso depende se o Carmelo permanece o que Teresa pensou e realizou ou torna-se outra coisa.
Naturalmente, a comunidade em sentido teresiano significa algo bem específico. É um modo de ser, que requer profunda re-orientação da pessoa no triplo sentido indicado por Teresa, a saber, no amor fraterno, no desapego do mundo e na humildade. Sem isso não existe comunidade em sentido teresiano. Poderão existir comunidades em que se colabora, comunidades em que se convive amavelmente, comunidades em que se está empenhado num estilo de vida monástica, mas não a comunidade de pessoas ligadas entre si pela amizade de Jesus Cristo, à qual pensava Teresa. É algo muito simples e pobre, mas ao mesmo tempo muito profundo e envolvente. Na história do Carmelo, em especial masculino, não tem sido fácil manter o modelo original e como por vezes tem sido substituído por algo de aparentemente mais útil e mais caracterizante.
Não nos podemos subtrair a este desafio: realizar o Carmelo como Teresa o quis, traduzindo em prática as suas intuições fundamentais. Isso significa mais concretamente decidir-se pela comunidade, por uma vida comunitária que seja a síntese e o sinal visível de um novo modo de ser: o de pessoas centradas na relação com Jesus Cristo.»
A São João da Cruz chamaram o Santo do sorriso sério. Desde a sua simplicidade de homem consagrado a Deus procurou corresponder à graça divina com uma generosidade tamanha, intensa e sem condições. Era assim que ele fundava as suas comunidades e nelas vivia como pai e irmão entre irmãos em oração, trabalho, estudo. Desde o início fazia-se amar para ser por todos obedecido e para todos ser exemplo. Era o primeiro em tudo: no trabalho e na oração, nas virtudes e no trato fraterno. Contrariando os modelos imperiais e ditatoriais da época ele preferiu ser irmão alegre e ungir de alegria os que dele se aproximavam, ser encantador na maneira de ensinar a Palavra de Deus, que amava e sabia de cor. Gostava da fraternidade e da solidão, atendia com caridade os enfermos e corrigia os erros em privado. E para não surpreender algum desleixado fazia anunciar a sua presença de qualquer maneira. Recomendava que em tudo o que fizéssemos fosse com o firme desejo de estar com Deus. Confiava nos irmãos e estimulava ao desapego das criaturas, dos afectos e apetites para que o coração esteja disponível para corresponder ao amor de Deus. Porque amava a Deus queria que todos O amassem, pois não se pode ansiar meta mais bela que união com Deus.
Assim hoje.
Chama do Carmo I NS 134 | Janeiro 29 2012

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