sábado, 19 de janeiro de 2013

Tanto pode a infância!

 
O amor ao Menino Jesus começou em Belém, na gruta. Maria e José foram os primeiros, mas a essa altura já esse amor tinha uns bem contados nove meses. Os Anjos, os pastores e os Magos do Oriente completaram o rol dos primeiros figurantes a manifestar-lhe amor e ternura. O burro e a vaca também, mais a mais porque, mansos e atentos, ali nos representavam!
Ao longo dos séculos foi sempre irresistível olhar o Menino Jesus. Não conseguimos olhá-Lo sem beijá-Lo, ou com os lábios ou com o coração. Foi assim também em Praga, onde Ele, o Reizinho, se manifestou menino de 12 anos.
Muito pode a infância! Hoje mais que nunca, até porque mais que nunca ela é valorizada. Para nós, cristãos, a figura do Menino Jesus tem um magnetismo intenso e especial. E entre nós, carmelitas, Ele é ainda muito mais intenso. Como todos os cristãos também nós gostamos de Jesus, o do presépio e o da cruz, o de Nazaré e o das bodas de Caná. E o de Praga, também.
Praga é uma linda cidade, capital da actual República Checa.
Há muitos anos, na cidade de Praga, o Menino Jesus manifestou-se poderosamente e atraiu o nosso olhar prendendo-o para sempre.
Tudo começou no Convento do Carmo daquela cidade, em 1629. Nesse ano o Imperador Fernando II, da Alemanha, alcançou a importante vitória da Montanha Branca sobre os exércitos estrangeiros (protestantes) que ameaçavam as suas terras e nelas a permanência da fé católica. Para comemorar a vitória o Imperador mandou erguer três conventos que ofereceu aos Carmelitas: um em Viena e outro em Graz (ambos na Áustria); o terceiro no bairro de Malá Strana, em Praga (antiga Boémia). Neste terceiro, dedicado a Nossa Senhora da Vitória, nascerá a devoção ao Menino Jesus... de Praga.
Certo dia a Princesa Polixena de Lobkowitz, benfeitora da comunidade carmelita, bateu à portaria do Carmo, e mandou chamar o Prior. A seguir ofereceu ao convento uma imagem de um Menino Jesus vestido de rei, que se tornaria célebre na piedade popular, sobretudo porque os praguenses atribuíram várias vezes ao Menino Jesus a  protecção da sua cidade e a dissipação de múltiplos perigos. Esta é a origem da devoção ao Menino Jesus de Praga.
Rezam as crónicas que o Carmo de Praga era um convento pobre e a comunidade sobrevivia em condições precárias. Mas tinham, diz-se, o Menino Jesus, e sobretudo, uma grande confiança Nele!
«— Padre, dissera a Princesa benfeitora, confio-lhe o que tenho de mais querido! Venerem esta imagem e não sofrerão necessidades!»
E assim foi.
O carinho e a veneração dos carmelitas pela imagem crescia e difundia-se para além deles.
Não eram tempos fáceis aqueles. Sobreveio nova guerra, Praga cedeu e os inimigos destruíram o convento. Sete anos depois recomeçou a sua reconstrução. Durante as limpezas apareceu a linda imagem, estropiada, sem mãos. Reposta a imagem com as suas mãos a comunidade renovou-lhe a consagração pedindo-lhe a bênção para a cidade e a nação.
No século XVIII foram fechadas as igrejas e os conventos e Praga esqueceu o seu Menino. Mas a devoção já se propagara pelo mundo católico até à China!
Mas justificar-se-á tal devoção? Sim. Jesus é um só, quer O consideremos Menino ou Crucificado, quer Eucarístico ou de Coração aberto. Jesus é um só, ainda que O possamos considerar sob vários aspectos. Ele é a fonte de graças e de bênçãos para todo que O invoca. Não é tal ou qual imagem ou invocação que confere eficácia à oração; é antes a fé e a confiança com que cada cristão Lhe reza.
É certo que a fé e a devoção podem ser mobilizadas por mais este ou aquele aspecto de Jesus, Eucarístico ou Menino! Prova desta realidade e deste apreço foi o reconhecimento do Papa Bento XVI, quando no dia 29 de Setembro de 2009 visitou a Igreja de Nossa Senhora da Vitória e ali, de joelhos, venerou e coroou a imagem do Divino Menino a quem confiou todas as famílias do mundo.
Como o Papa também nós podemos rezar a Jesus ornado com o título de Praga, afinal Ele é menino, menino e rei, menino e Deus: em uma das mãos guarda a bola do Mundo junto do coração e com a outra abençoa-o!
Tanto pode a infância de Jesus!
 
Chama do Carmo I NS 172 I Janeiro 20 2013

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