quarta-feira, 29 de maio de 2013

Carta a Jesus sacramentado (III)


Carta de um pobre amigo de Jesus

Ó Jesus, meu bom Deus, presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia! É por amizade e obediência a Vós, e a quem me pediu, que escrevo uma carta para ser lida em voz alta. Que esta humilhação, ó meu Jesus, sirva para que me escondas mais «na prisão do vosso amor».
Espero que não tenhas em conta as minhas parvoíces, pois só as digo quando estou entre amigos como Tu. Nesta carta queria dizer-te três coisas que me aconteceram recentemente e fazer-te um pedido.

A primeira.
Ainda há poucos dias estive a dar voltas ao discurso que fizestes sobre o Pão do Céu (cf. Jo 6, 22-59).
Como sabes, gosto sempre de Te ouvir, mesmo quando não entendo lá muito bem o que dizes. Tens autoridade como ninguém para falar das coisas divinas e sobrenaturais. Ninguém como Tu sabe falar de Deus! Achei o discurso um pouco grande – como a homilia de alguns padres! – mas gostei. O que veio a seguir é que me perturbou um bocado: Lá que os judeus começassem a discutir e a murmurar contra Ti, não me admira nada. O que não apreciei foi a má educação de alguns ao Te virarem as costas. Mas a pedrada recebia-a eu quando dissestes aos discípulos: «As palavras que vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem» (Jo 6, 64).
Eu sou teu discípulo, Senhor, e, como Pedro, quero repetir-Te neste momento com toda a minha alma: «Senhor, Tu sabes que Te amo»; mas preciso de dizer com o centurião: «Senhor, aumenta a minha fé»! E quero rezar como me ensinaram: «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos».

A segunda.
Acabei de orientar um retiro na semana passada. E como também sabes, sou padre há 35 anos. Quantas missas eu já não rezei! E vê lá Tu, que só agora, numa das missas desse retiro, o Paráclito que nos acabaste de enviar me iluminou no mistério da Eucaristia. Acabava de repetir as Tuas palavras: «Tomai e comei. Isto é o meu Corpo entregue por vós»; «Tomai e bebei. Este é o cálice do meu sangue… derramado por vós e por todos. Fazei isto em memória de Mim».
Até agora nunca me tinha identificado contigo, neste ponto. Eu pensava que o «Fazei isto em memória de mim» consistia em ir à missa, celebrar a missa, repetir as palavras da consagração, comungar… Mas agora compreendi que este «Isto» és Tu e eu! Fazer isto em Tua memória é entregar o meu corpo e o meu sangue contigo para a remissão dos pecados. «Isto» também é o meu corpo e o meu sangue derramado, porque o amor eucarístico só pode ser o da entrega total.
Isto arrepia-me!
Jesus, faz com que, depois da Última Ceia, eu consiga chegar ao Monte das Oliveiras e ao Calvário.
A nossa amiga Teresa de Jesus tinha razão quando disse: «Andemos juntos, Senhor; por onde fordes, tenho de ir; por onde passardes, tenho de passar» (CV 26, 6).

A terceira.
Ao dar a comunhão tenho reparado que não são muitas as pessoas que, ao comungar, têm um rosto alegre. Faço excepção às crianças. Não percebo isto. Se a comunhão é receber «o beijo do melhor Amigo» (Santa Teresinha); se comungar é o momento do encontro…, porquê a tristeza no rosto? Não é uma alegria abrir-Te a porta do coração, a nossa alma, para que entres e fiques connosco?

O pedido.
Faz com que o meu coração seja um pequeno sacrário onde Te possas refugiar sempre que quiseres (cf. Santa Teresinha, carta 108).
Obrigado, meu bom Amigo Jesus, presente sacramentalmente em todos os sacrários da terra e em todos os corações abrasados pelo Teu amor! Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

(Isto não se lê: Que Deus perdoe a quem mo pediu, e faça bem a quem mo ouviu).

P. Agostinho Leal

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