quarta-feira, 5 de junho de 2013

Carta a Jesus sacramentado (IV)


Senhor, que o Teu perdão seja a minha alegria

De manhã à noite num rodopio:
o marido, os filhos e os netos,
o almoço, o jantar, as compras,
as roupas, as limpezas e os horários,
e Tu, Senhor,
quando é que reparei em Ti?
Perdoa, Senhor, o meu dia
e dá-me o dom da alegria.

Os doentes que não visitei,
os pobres que não ajudei,
os tristes em quem não reparei,
os jovens que não aconselhei
e Tu, Senhor,
quando é que te solicitei?
Perdoa a ausência dos gestos corajosos
e dá-me o dom da alegria.

As vezes que murmurei,
os falsos testemunhos que levantei,
os olhares reprovadores que lancei,
os passos indevidos que dei
e Tu, Senhor,
quando é que Te chamei?
Perdoa a fraqueza dos actos consentidos
e dá-me o dom da alegria.

A indiferença pelo bem que me rodeia,
o desprezo pelos que sabem mais do que eu,
as surpresas a que não reagi,
o acolhimento a que não correspondi.
E Tu, Senhor,
porque é que não Te recebi?
Perdoa a vida dos momentos mal amados
e dá-me o dom da alegria.

As vezes que não falei de Ti,
a vergonha de Te anunciar,
a indiferença pelo bem que concedeste,
as palavras que não Te engrandeceram.
E Tu, Senhor,
nunca me abandonaste.
Perdoa, Senhor o espaço que Te não dei
e dá-me o dom da alegria.

Contudo faz-me sentir,
que a palavra, o gesto, o sorriso,
a leitura, a oração, o pensamento,
as atitudes e a atenção aos outros,
foram, Senhor, por Ti
que, empenhada, os reconheci.

Que a confiança neste recomeçar de novo
seja, em pleno, o dom da alegria
vivido no final de cada dia,
certa de que estás presente, aí!

Maria Gagllardini

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