sábado, 19 de outubro de 2013

Nem ricos nem nobres, mas pequeninos amigos de Jesus!

Início do Ano Pastoral. Passa o Verão chega o Inverno. Acabaram-se as festas chegaram as colheitas e as vindimas. O grão e os vagos não podem ficar ao ar ou perdem-se. As crianças, os adolescentes e os jovens voltaram para a escola. Embora as mãos não tenham parado o corpo voltou todo para a dureza do trabalho. Também ao nível espiritual as coisas regressam ao ritmo comum. E nós por aqui iniciámos, entretanto, o nosso ano pastoral.
Foi no Sábado, dia 12, que, primeiro na Sala dos Terceiros, depois, à volta do Altar, iniciámos o novo Ano Pastoral da nossa comunidade do Carmo de Viana do Castelo.
Presidiu naturalmente o Prior da Comunidade, que tinha consigo toda a comunidade religiosa e um bom punhado de leigos e leigas.
Aqui deixamos registados as marcas maiores desta reunião:
1. Iniciou-se a reunião com a leitura de um parágrafo do Livro da Vida de Santa Teresa, e sublinhou-se ali a sinceridade e humildade da Santa, que reconhecia ter crescido na sabedoria e na santidade com a ajuda de outros.
E o exemplo de Santa Teresa serviu-nos para nos exortarmos à mesma disponibilidade para aprendermos a crescer. Somos poucos e com pouca forças. Somos até muito cansados, mas ainda não está terminada a carreira de nenhum, e é pela abertura para aprender e caminhar com Jesus que nós vamos querer ser mais de Jesus, parecer-nos mais a Ele, e, enfim, por fim, melhor darmos testemunho dEle.
Os que andam com Jesus brilham depois como Jesus, e o seu testemunho é valente e não pode calar-se. E assim, depois, chegará a tantos, pois também nós somos missionários.
2. Recordávamos e reflectíamos ainda que não somos nem tão ricos ou tão nobres que nos possamos alhear dos demais no decurso da nossa fé. Precisamos dos outros, como os outros precisam de nós — à imagem de Santa Teresa! Aqui, no Carmo, como em tantos lugares, somos, juntos, assembleia que se reúne para rezar, louvar e agradecer a Deus; e somos povo a caminho e em missão.
3. E como pequenino sinal desta missão procuraremos marcar este novo ano pastoral colocando no centro das nossas preocupações e orações o zelo pelas Missões. A nossa Ordem caminha a passos decididos para fundar uma Missão na Diocese de Maliana, Timor, e uma outra na Diocese de Luena, em Angola. Ambas se situam em contextos eclesial e socialmente muito pobres e ambas contam com jovens sacerdotes da nossa Província carmelitana e outros de Espanha e Brasil.
Ao longo do nosso ano pastoral colocaremos repetidamente esta intenção nas mãos da Santa Madre Teresa, e com ela havemos de rezar pelo ardor e fidelidade dos nossos jovens missionários, porque como ela queremos cuidar de aumentar o reino de Sua Majestade, e de O tornar mais conhecido e amado.
4. Na Missa de Compromisso escutámos a narração da cura dos dez leprosos, um deles samaritano, isto é, estrangeiro e adverso ao contexto judaico. Na homilia o Frei João referiu-se à expressão «disseram em alta voz». Para daqui nos animar a servir juntos a Deus e a comunidade nas diferentes possibilidades que existem e nas que se possam criar, porque, como disse, é visível que se uns amam a oração e o canto, outras adornam os altares; alguns servem ao altar, outros emprestam a voz para que a Palavra se faça ouvir; e se uns emprestam as mãos para a caridade, outros, não menos importantes varrem o chão.  E, disse, não estar ainda tudo feito, nem termos ajudado tudo para que a comunidade faça tudo por nós.
Há, pois, espaço aberto e amplo para servir.
Mas o que sublinhou mesmo foi o coro dos leprosos que «em alta voz» implorou a piedade de Jesus para as suas vidas. E se sublinhou esse coro de vozes sofridas foi para alertar para o facto que quando erguemos a voz em coro nem todos se fazem ouvir da mesma maneira, com a mesma intensidade. Aliás, pode suceder até, com alguma probabilidade, que algum não se faça ouvir juntamente com o coro. Ouvir um coro como aquele, não significa que ouçamos todas as vozes dos coralistas, mas que todos consentem no essencial da mensagem, mesmo que a sua voz não se faça ouvir. Ora sucedeu que todos foram curados. Todos? Sim, todos. Mas é possível que nem todos tenham feito coro; é possível que algum tenha confiado mais na voz dos restantes que na sua. E isso quer dizer que a oração em coro é tão eficaz para uns como para outros, para os que se erguem em «alta voz» e para os que confiam na oração dos demais. Fazer coro, concluiu, é um serviço em que, como pequeninos amigos de Jesus, bem podemos empenhar-nos em favor dos demais.

Chama do Carmo I NS 199 I Outubro 20 2013

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